Sem dúvida, O Clube de Leitura de Jane Austen (baseado no livro homônimo de Karen Joy Fowler) é o filme que mais traduz o sentimento comum naqueles que gostam de Jane Austen. Assisti pela primeira vez há dois anos atrás, quando comecei a alimentar meu vício pelos romances. Confesso que só despertei para a beleza do filme quando o vi pela segunda vez, na semana passada. Ainda não tinha lido todos os romances quando assisti pela primeira vez, e talvez por isso não tenha me encantado tanto.
Como o próprio nome revela, trata-se de um grupo distinto de pessoas que resolvem se unir no intuito ler e discutir os romances da autora, e se desviarem um pouco dos seus dramas pessoais. No grupo, estão a experiente Bernadette (Kathy Baker), idealizadora do grupo, que já passou por 6 casamentos ; Silvya (Amy Brenneman), que vive as dores de um casamento subitamente rompido após a traição do marido; Allegra (Maggie Grace), filha de Silvya, é homossexual e "moderninha", e vive romances fugazes; Prudie (Emily Blunt), é uma professora de francês casada e conservadora que se vê diante da súbita paixão por um aluno; Grigg (Hugh Dancy) é um adorável programador de sistemas "nerd" que resolve entrar para o grupo no intuito de conquistar Jocelyn (Maria Belo), uma criadora de cães de raça que optou por levar uma vida solitária e sem vínculo afetivo com o sexo oposto. Enquanto lêem os romances de Austen ( "seis meses, seis pessoas, seis livros", é o lema do grupo) os integrantes do clube vão criando vínculos emocionais e constatando que a trama e os personagens de Austen expõem dramas semelhantes aos que enfrentamos no século XXI. Mas quem gosta de Jane Austen já sabe disso, não é?
O filme tem passagens deliciosas. Numa delas, Allegra levanta a possibilidade de Charlotte Lucas (Orgulho e Preconceito) ser homossexual - o que faz absoluto sentido! - . Em outro momento, Prudie, à beira de finalmente consumar seu adultério, fica relutante diante de um semáforo no qual aparece a frase "O que Jane faria?" . Outra cena bem bacana é a reunião para discussão de Persuasão realizada na praia, em respeito à passagem do livro em que Anne vai à Lyme. O mesmo acontece na reunião para discussão de A Abadia de Northanger, quando Grigg cria um cenário gótico para o encontro. Um deleite!
Enfim, o filme inteiro é delicioso, divertido e emocionante, principalmente para aqueles que conhecem a obra da autora. Ao término do filme, a vontade de também montar um clube de leitura de Jane Austen é imenso...é um projeto que um dia ainda conseguirei realizar. E fica a dica do filme...assistam!