segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Orgulho e Preconceito...e Zumbis! Zumbis?!



Confesso que torci o nariz quando vi a "adaptação" do meu romance favorito de Austen nas prateleiras das livrarias. Me recusei a comprá-lo e busquei opiniões daqueles que já haviam experimentado a proposta do autor Seth Grahame-Smith: acrescentar zumbis na trama de Jane Austen sem interferir drasticamente no conteúdo da obra. A maioria dos fãs se manifestavam indiferentes ou indignados, considerando a obra como sendo uma verdadeira profanação do romance. Como sou fã das duas temáticas - Jane Austen e zumbis -, a curiosidade me fez trazer o livro para casa. E com a consciência pesada, como uma gordinha traindo o regime comendo uma barra inteira de chocolate, me propus a lê-lo.
Em resumo, o livro traz a trama de Orgulho e Preconceito num contexto inusitado e sórdido: após uma misteriosa praga que se abateu sobre toda a Inglaterra, os mortos voltaram à vida, saindo de suas tumbas e correndo atrás de miolos humanos, seu prato favorito. A história se desenrola mais ou menos conforme conhecemos, exceto um ou outro zumbi sendo esquartejado, ou esquartejando alguém. Eis aí o único grande mérito do autor: ter realmente "encaixado" zumbis na trama de Austen sem torná-la absurda. Tudo dentro do possível, é lógico! Afinal, se trata de uma obra sobre zumbis no século XIX. O autor quase - eu disse "quase"- nos convence de que os zumbis estavam lá o tempo inteiro. Isso realmente exigiu muita criatividade e conhecimento da obra original.  A presença dos zumbis na trama, por incrível que pareça, é bem contextualizada e dá à obra um certo tom cômico, quase trash. Isso obviamente fez com quê o autor lançasse mão de muita licença poética, e exigisse de nós, fãs da autora, muita abstração. As irmãs Bennet, por exemplo, são exímias abatedoras de mortos-vivos, sempre empunhando uma adaga mortífera, cheias de instintos assassinos. Sim! E isso é só o começo.
A palavra "Zumbi" no título deixa bem claro que aqueles que não gostam da temática - sejam leitores de Austen ou não - devem ficar longe dele. Combinado? Também não recomendo para os fãs mais ortodoxos da autora, nem para quem deseja entrar para o clube de leitura de Jane Austen. Definitvamente, começar a ler Austen com essa obra pode não ser interessante. No entanto, acho um livro inofensivo para os fãs mais maleáveis e curiosos, e para quem simplesmente quer ler um livro divertido e despretensioso. Por sinal, diretores de Hollywood já se interessaram em transformar a obra em filme, e a querida Anne Hatthaway (que já interpretou Jane Austen em Becoming Jane) está cotadíssima para interpretar Lizzy. Seria Quentin Tarantino o diretor?! Também já ouvi dizer que Natalie Portman recusou o papel. Seria em protesto?! (risos)
 E pasmem: nas livrarias não faltam "releituras" de Jane Austen nesse mesmo estilo. Razão e Sensibilidade e Monstros Marinhos (credo!), Jane Austen - A Vampira (oh, Céus!) ... haja abstração de nossa parte! No entanto, pretendo encerrar minha leitura de tais adaptações com a obra aqui comentada. Eu juro!

Grande abraço!